"Às quatro horas da manhã de hoje, 04 de abril, eu fui, junto com duas companheiras do Xingu Vivo e um advogado da SDDH, para o cais, local de onde saem os õnibus para os diversos canteiros de obras da CCBM, chamados de sítios. Lá, as lideranças do movimento estavam conversando com os trabalhadores, convencendo-os de que deviam continuar a greve, haja vista que a empresa não havia negociado nada e que o sindicato pelego os traíra. E distribuiam o panfleto do sindicato que exigia segurança para quem queria trabalhar. Ao chegar junto deles me apresentei como Unidos pra Lutar e sindicato dos servidores federais e coloquei nossas entidades à disposição da luta deles. Falei que estava enviando notícias da luta deles para todo o Brasil e para o mundo. Eles agradeceram muito e pediram para agradecer ao sindicato e à Unidos. Eles foram conversando com os trabalhadores e decidiram que não iam trabalhar enquanto não tivessem resposta positiva do Consórcio, e que iam nos ônibus para fechar a Transamazônica. Então pegamos carona nos ônibus com eles. Ao chegarmos, o primeiro ônibus estava atravessado na estrada (saída para Marabá), com um pneu furado. Os outros ônibus foram parando e os trabalhadores descendo. Não demorou muito para começarem a chegar as viaturas da Polícia Militar, junto com representantes da empresa. Começaram a chamar os trabalhadores, na tentativa de intimidá-los e convecê-los a irem trabalhar. Eles não arredaram pé da estrada. Apareceram alguns pelegos, querendo ir trabalhar e quase apanharam, foram chamados de "baba-ovo" "vendidos" e coisa do gênero. Depois chegou a ROTAM, empunhando armas e gás de pimenta. Tinha um policial nos filmado o tempo todo. Nós também os fotografamos e os filmamos. Por fim apareceu um policial, acho que era o comandante da tropa, se fazendo de negociador. Ia conversar com os representantes da empresa, depois com os trabalhadores. Por fim acetaram que hoje às 16 horas vai ter negociação. Conseguimos enfiar apenas o advogado da SDDH para entrar com a comissão de base. Todos estão sendo chamados para estarem no cais às 15 horas. O policial-negociador disse para alguns líderes que eles estavam se deixando manipular por pessoas de fora, se referindo a nós. Eles disseram que a greve era decisão deles e que nós estávamos dando apoio. Acontece que as principais lideranças estão (é o boato que corre) na lista de demitidos. Eles querem se desfiliar do sindicato-pelego. Colocamos nosso jurídico à disposição. E que é a comissão de base que tem que negociar em nome dos trabalhadores e qualquer proposta da empresa tem que ser levada para a assembléia geral decidir se aceita ou não. Que nem a comissão decida nem deixe o sindicato-pelego decidir. Tem que ser a base. Bom, hoje à tarde, depois da tal negociação volto a mandar informações."
Neide Solimões
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