terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Parlamentares reajustam próprios salários em 61% e governo apóia

O Congresso Nacional continua aprontando das suas. Espaço privilegiado da corrupção e negociatas, mais uma vez os deputados deram um “lição” de legislatura em benefício próprio. Aumentar seus próprios salários em 61,83%. O PSOL foi o único partido que votou contrário à medida. Ou seja, PT, PSDB, DEM, PMDB se juntam para se autobeneficiar. Enquanto isso, o governo anunciou que o salário mínimo será reajustado em 2011 em apenas 5,9%, abaixo dos índices de inflação do ano que estão apontando na casa dos 9%.

Os vencimentos dos parlamentares passaram de R$ 16,5 mil para R$ 26,7 mil. Segundo levantamento do jornal “Folha de São Paulo”, a média de custo será de R$ 125 mil por deputado, considerando 15 salários anuais (13º mais duas ajudas de custo), a média da cota para o exercício do mandato (que varia de R$ 23 mil para os deputados de Brasília a R$ 34,2 mil para os de Roraima), auxílio-moradia de R$ 3.000 e verba de R$ 60 mil para a contratação de funcionários.

Isso não é tudo. A Folha não levou em conta, por exemplo, o ressarcimento ilimitado de despesas médicas ou o fornecimento de quatro jornais e uma revista para cada gabinete. Além disso, os líderes, vice-líderes, presidentes e vice-presidentes de comissões recebem um auxílio extra de R$ 1,2 mil.

Em entrevista para o Estadão, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) protestou contra a medida. “Essa decisão aprofunda o abismo entre a sociedade e o Parlamento. É uma demasia”, afirmou Chico. O sentimento do deputado do PSOL reflete a opinião pública, que está estarrecida com o absurdo reajuste.

A população foi obrigada a assistir no noticiário, o recém-eleito deputado Tiririca (PR-SP), em visita ao Congresso Nacional no dia da aprovação do aumento, debochar de toda sociedade com suas lamentáveis palavras para imprensa. “Cheguei com sorte”, sentenciou Tiririca e qualificou o reajuste como “bacana e legal”. Ao contrário do que o palhaço-deputado afirmou em sua campanha, pior do que tá fica.

O reajuste teve o apoio do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Roussef. Como o aumento se estende ao presidente da república, Lula ainda lamentou que ele próprio não seria beneficiado, tendo em vista que entra em vigor no mandato de sua sucessora. “O Paulinho (deputado Paulo Pereira da Silva PDT-SP) avisou que o Congresso Nacional acabou de aprovar o reajuste para o presidente e para os ministros. O Lula não recebe porque é só para a próxima legislatura”, disse o ex-presidente para Agência Brasil.


61,83% para os deputados, zero para os servidores

Enquanto o estúpido reajuste parlamentar é recebido com naturalidade pelo governo, o mesmo não serve quando se trata de aumentar os salários do funcionalismo público. O ministro da Economia Guido Mantega, mantido no cargo, afirmou em entrevista à TV Globo que se depender do governo não haverá reajustes salariais para servidores este ano. “Para 2011 não estamos prevendo aumento para o funcionalismo”, disse. “Temos que evitar que essas propostas sejam aprovadas.”

Frente a esta afronta, a Plenária Nacional da Fasubra, ocorrida no inicio de dezembro, apontou um calendário de lutas com paralisações no dia 3 de fevereiro e dia 9 uma caravana em Brasília para lançar a campanha salarial. Esta resolução da plenária também incluir inserir nos debates da assembléia uma possível greve como único instrumento capaz de obrigar o governo a abrir negociação.

Este mesmo teor de luta ocorreu no congresso da Condsef, com mais de 2 mil delegados de todos os órgãos federais, também em dezembro de 2010. Este congresso apontou para necessidade de enfrentar o governo pois já está provado que se os trabalhadores na saem com força a lutar, o governo seguirá congelando os salários.

Por isso, é fundamental que as assembléias dos servidores sejam bem participativas e a paralisação do dia 3/2 mostre qual a disposição de luta do funcionalismo.

Fonte: SINTUFF

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