segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CONCLAT: UMA OPORTUNIDADE PERDIDA

Douglas Diniz

Coordenação da Unidos pra Lutar

O PSTU afirma que foi fundada uma nova central. Quanta mentira! Infelizmente o que temos após a ruptura do CONCLAT em vez de uma nova central é uma Conlutas menor à qual se juntou o MTL que anteriormente tinha rompido com a própria Conlutas por discordar de sua política e métodos autoritários.

A nova central que seria criada no CONCLAT, fruto da unificação em primeiro lugar da Conlutas e da Intersindical, não existe por culpa da política anti democrática e de buscar ser, a qualquer custo, maioria por parte do PSTU.

Esse partido tentou impor de forma autoritária, através de uma maioria circunstancial, uma concepção de central com a participação de estudantes e movimentos de opressão, somente para garantir maioria, visto que em nenhum sindicato esses setores participam e tem direito voto. Também um nome de central -Conlutas- Intersindical- que a Intersindical não aceitava. No entanto, o PSTU o fez votar!

Essa concepção leva a que os estudantes, e em especial o movimento de opressões, tenham a possibilidade de ter tripla representação nos fóruns da central, o que de fato se choca com a máxima expressão de democracia de nossa classe onde cada pessoa é um voto.

Defendemos a participação e a unidade para lutar com todos estes setores, mas não concordamos que participem de forma deliberativa da vida da central. Pois se assim fosse, um trabalhador homossexual e negro, teria voto como trabalhador, como negro e como homossexual! Por isso defendemos que sua representação se exerça através das suas entidades sindicais.

Esta forma brutal de atuar foi apenas o estopim que fez estourar o congresso e levou 40% dos delegados a se retirarem do evento. O que poderia ter sido uma grande vitória se transformou em derrota. Mesmo assim, o PSTU de forma 'marciana' segue afirmando que a nova central foi fundada, tem uma direção eleita, incluindo aí um dirigente do movimento estudantil ligado ao PSTU que nem delegado ao congresso foi, e até um estatuto, votado não se sabe onde. Esta é a democracia operária que tanto alardeia o PSTU?

A UNIDOS PRA LUTAR no sentido de preservar a unidade tão duramente construída, propôs que qualquer decisão sobre caráter, concepção, estrutura e funcionamento fosse definida por 2/3 dos delegados presentes no Congresso, mas o PSTU não aceitou e o processo que acertadamente até então vinha sendo construído de comum acordo, quando teve que se definir na votação explodiu.

O maior erro cometido foi ter aceitado no seminário de novembro/2009 (quando se convocou o congresso) que questões tão delicadas como de concepção e caráter fossem a voto já no congresso de fundação da central quando estava claro para todos que existiam grandes diferenças políticas sobre o tema e que o mesmo não se resolveria impondo uma votação, como fez o PSTU. Por isso o congresso explodiu e uma grande oportunidade para se construir uma nova central unitária foi desperdiçada.

A conjuntura e as perspectivas de uma nova Central

O nível das lutas e de organização dos trabalhadores na conjuntura atual é diferente da situação que vivemos na fundação da CUT. Nos anos 80 havia uma multidão nas greves gerais e lutas do operariado industrial por salário, condições de trabalho e enfrentando o regime ditatorial. As assembléias eram massivas: a classe se incorporava a luta política e sindical. Isso deu origem a milhares de novos dirigentes que ganharam a ampla maioria dos sindicatos, antes dirigidos por pelegos. Hoje não vivemos uma situação similar.

Existindo lutas e mobilizações, todas são localizadas e parciais, e os questionamentos ao governo Lula são feitos por uma vanguarda da classe. As assembléias para eleger os delegados ao Conclat foram muito pequenas, reunindo no país inteiro menos de 15 mil companheiros.

Desse modo, para unificar os agrupamentos sindicais classistas existentes, o que deveria primar deveria ser a busca de acordos e consensos, e o esforço para integrar todos os setores, num processo que é essencialmente superestrutural.

Não querer enxergar isso levou o PSTU a transformar a construção da nova central em uma disputa de quem controlaria a entidade, quantos cargos teriam na direção e quantos dirigentes sindicais seriam liberados para fazer política para seu partido.

Qualquer recomposição política, depois dos fatos ocorridos que abalaram a confiança de todos, somente será possível reabrindo o debate sobre caráter, concepção e que a metodologia de privilegiar os acordos seja o fio condutor dessa construção.

Enquanto isso todos estaremos militando nas campanhas salariais para que as mesmas sejam vitoriosas contra os governos e os patrões. Estaremos apoiando as chapas classistas dos lutadores que vão disputar eleições sindicais contra a burocracia governista de plantão ajudando dessa forma, com unidade e luta pela base na construção de uma nova direção para a classe trabalhadora brasileira.

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