sexta-feira, 20 de novembro de 2015

GREVE DOS PROFESSORES DO DF: UM BALANÇO NECESSÁRIO

A greve foi um importante momento, mas novas lutas virão.

O BOLETIM UNIDOS PRA LUTAR entrevistou a companheira Juliana de Freitas, professora da Ceilândia, membra do Comando Geral de Greve, militante da Unidos pra Lutar, da Luta Socialista (tendência interna do PSOL) e do Alternativa (movimento de oposição de esquerda a atual diretoria do Sinpro-DF).
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Boletim Unidos pra Lutar: Como foi a Greve dos Professores de Brasília em 2015?

Juliana de Freitas: A greve foi difícil pelo período que foi realizada, no termino do ano letivo. Precisava ser uma greve curta e radicalizada, mesmo com as dificuldades a categoria se empenhou, entretanto, estávamos enfrentando um governo autoritário, que aplica o ajuste fiscal, o governo Rollemberg copia o governo Dilma, que tem uma política clara de desvalorização e privatização da educação pública.

Boletim Unidos pra Lutar: Sendo que muitas categorias estavam em greve, por que não houve uma greve geral?

Juliana de Freitas: Havia um fórum de servidores do DF, que unia 26 categorias das 32 categorias que estão recebendo o calote do GDF, entretanto, esse fórum era desarticulado, a CUT que tinha os elementos para construir a greve geral, não o fez simplesmente por que ao agitar uma greve geral no DF e enfrentar o ajuste fiscal de Rollemberg isso poderia inspirar uma greve geral em âmbito federal o que seria uma crítica direta ao ajuste fiscal do governo Dilma.

Boletim Unidos pra Lutar: Como foi a atitude do governo diante da greve?

Juliana de Freitas: O governo Rollemberg desrespeita as organizações sindicais, não abriu diálogo com o SINPRO, a atitude do governo foi autoritária e repressora, Rollemberg mandou a tropa de choque em cima dos professores, houve prisões, agressões. E deu calote ao reajuste salarial de 32 categorias do DF. Escolheu o servidor público e os trabalhadores como inimigos, retirando direitos e jogando o peso da crise nos trabalhadores.

Boletim Unidos pra Lutar: Como foi a atitude da Diretoria do Sinpro durante a greve?

Juliana de Freitas: A diretoria do SINPRO não preparou a categoria para greve. No inicio do ano a categoria estava disposta a fazer greve e a burocracia sindical abafou o movimento.  Inicialmente começou com ações radicalizadas como ocupação da Câmara Legislativa, piquetes, fechamento de pistas, entretanto, no momento que havia grande adesão ao movimento a diretoria do SINPRO apresentou um calendário recuado, retirando os piquetes das escolas, e com atos esvaziados, com a clara intenção de abafar o movimento.

Boletim Unidos pra Lutar: A proposta apresentada para encerrar a greve é satisfatória?

Juliana de Freitas: A proposta não atendeu a questão principal da greve a 6a Parcela do reajuste salarial de 2012, parcelado de forma irresponsável no governo Agnelo. Levamos calote sim e o Sinpro aceitou o congelamento salarial por pelo menos um ano.  A perspectiva antes da greve era para maio de 2016, saímos com o resultado do reajuste para outubro de 2016, sem a garantia do retroativo, o que houve foi de somente a manutenção de direitos já conquistados, ou seja, ganhamos o que já tínhamos, a diretoria do SINPRO trocou a greve e a luta pelo cancelamento da de uma multa injusta, sem resistir.

Boletim Unidos pra Lutar: Como assim? A greve foi vitoriosa ou derrotada?

Juliana de Freitas: O sentimento é de calote e de derrota, porque recebemos uma carta de intenções, que não sabemos se será cumprida. Não avançamos, só tivemos a manutenção de direitos já conquistados, e o foco principal da greve 6a Parcela do reajuste salarial de 2012, não foi conquistado e não houve nenhuma conquista financeira. Há um desgosto com a burocracia sindical, entretanto, não podemos enfraquecer nossa entidade de classe, isso é tudo que o governo quer para implementar seu pacote de maldades, mas devemos nos fortalecer e construir o novo.

Boletim Unidos pra Lutar: Como foram as agressões do dia 28  de Outubro?

Juliana de Freitas: Naquele dia iniciamos o dia com o fechamento das regionais de ensino, depois foram feitos piquetes no Plano Piloto, depois nos concentramos no Eixão Sul para o fechamento das vias como forma de chamar atenção da população para o movimento. Quando já estávamos desobstruindo as vias, a polícia chegou sem nenhum tipo de diálogo com sprays de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha, atacando repressivamente os professores, houve prisões arbitrárias, professores arrastados dos carros pela polícia e agredidos física e moralmente, dois rodoviários colocaram os ônibus para proteger os manifestantes, os rodoviários fecharam a rodoviária em solidariedade aos professores. E os professores foram para a delegacia e só saíram quando todos os professores e rodoviários foram soltos.

Boletim Unidos pra Lutar: Houve um momento mais adequado para a radicalização do movimento grevista?
de
Juliana de Freitas: Em 30 de outubro tivemos uma assembleia com 10 mil professores indignados, a categoria parada em quase 100%, a polícia estava em crise institucional, o governo acuado e o Palácio do Buriti podia ser a nova casa dos grevistas. Era o momento para avançar, o Sinpro escolheu recuar. Uma oportunidade perdida.

Boletim Unidos pra Lutar: Qual deve ser a perspectiva da categoria?
de
Juliana de Freitas: Retornamos da greve, mas estamos em estado de greve, claro que isso é uma manobra da burocrática diretoria do Sinpro, mas a categoria deve estar preparada para próximo ano, o governo demostrou que tem a intenção de implementar as organizações sociais, privatizar ensino público do DF, precarizar o magistério público, e não realizar o pagamento da dívida com os servidores públicos do DF, precisamos fazer um trabalho de base e constante mobilização, a greve foi um importante momento mas novas lutas virão, precisamos vencer a burocracia do Sinpro, unificar as lutas que virão e construir uma Greve Geral que responda as necessidade da classe trabalhadora.


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