quarta-feira, 3 de junho de 2020


Vidas Negras Importam

 O trabalhador negro, George Floyd, foi assassinado (25/5/2020) pelo policial branco, Derek Chauvin, na cidade de Mineápolis, nos Estados Unidos, em ação policial desenvolvida por mais três agentes. Seria apenas mais um dos tantos episódios racistas que acabam impunes, lá nos EUA como aqui no Brasil, não fosse o requinte de crueldade registrado por câmeras de celulares em imagens que percorreram o mundo em poucas horas. O policial racista pressionou o joelho no pescoço da vítima por vários minutos, enquanto Floyd, algemado e deitado de bruços no chão reclamava “não consigo respirar”, expressão que remete ao caso de Eric Garner, que morreu sufocado numa detenção semelhante em Nova Iorque, em 2014. A brutal ação de Chauvin provocou não apenas tristeza pela morte de Floyd, mas também reacendeu a raiva acumulada por muitos casos de execução de negros, ocorridos nos últimos anos. A revolta explodiu pelo agravante de que o policial tinha 18 denúncias por agressão ou assassinato de negros e latinos, na maioria dos casos, porém sempre foi inocentado.
            A indignação popular se iniciou em Mineápolis, onde uma delegacia foi incendiada, além de postos de gasolina, bancos e outros prédios; houve saques e confrontos com a polícia. Rapidamente os protestos se espalharam pelo país, em plena pandemia.
            Multidões pedem o fim da violência policial e do racismo, aos gritos de: "Black Lives Matter" - Vidas Negras Importam. Mais de 30 cidades foram tomadas pelos manifestantes que incendiaram ou quebraram dezenas de viaturas policiais. Dentre as principais cidades estão, Detroit, Los Angeles, Dallas e Nova York. Centenas de pessoas ocuparam o prédio da CNN em Atlanta. Em Washington, centenas de manifestantes se dirigiram à Casa Branca. O governo aterrorizado ordenou um cerco policial. As declarações de Trump, que chamou os manifestantes de delinquentes e anunciou que os receberia “com os cães mais cruéis e as armas mais ameaçadoras", acirraram ainda mais os ânimos.
Até o momento duas pessoas morreram nos enfrentamentos com a polícia, vários policiais ficaram feridos e 1.300 manifestantes foram presos. A força da insurreição popular já levou à prisão um dos quatro policiais, preso sob a acusação de homicídio culposo (sem intenção matar), mas isso foi muito pouco, após décadas de racismo capitalista.
Os protestos se agudizam, pois não faltam motivações. O maior número de mortes nos EUA por Covid 19 ocorre entre os negros, que quase não recebem testes, quando o país ultrapassa a marca de 100 mil mortos pela doença; a proporção de negros assassinados pela polícia equivale a mais que o dobro de brancos. Os negros que estão morrendo, em sua ampla maioria, são pobres e trabalhadores.
Trump alimenta os supremacistas brancos e toda forma de racismo e aplica um duro Plano de Ajuste contra o povo para sustentar os lucros do capitalismo norte-ameircano, provocando recessão, desemprego, falta de serviços públicos que afeta os mais pobres. Isso potencializa a rebelião de pobres, negros e negras, trabalhadores e trabalhadoras que denunciam essa guerra social, de classe e de raça, dos de cima contra os de baixo.
Execuções racistas por parte da polícia causam indignação tanto no Brasil quanto nos EUA. O assassinato de Marielle Franco é emblemático. Mulher negra, ativista de Direitos Humanos. No Brasil, a cada 23 minutos, um jovem negro é morto, muitas vezes atingido pelas costas, como aconteceu com o adolescente João Pedro (14), morto dentro de casa (18/5/2020) em uma ação conjunta da polícia civil e militar, no Rio de Janeiro. Dois dias depois (20/5), outro João, também no Rio, João Victor (18) foi atingido pela polícia durante a distribuição de cestas básicas por uma ação social.
O Estado é responsável por essas mortes, determinadas pelo racismo estrutural do capitalismo que promove o extermínio do povo negro mundo afora. A batalha contra o racismo nos Estados Unidos e no Brasil é uma só. Basta! Justiça para estes e de tantos outros negros e negras assassinados pelo Estado capitalista em todas as partes do mundo. O racismo e a exploração dos trabalhadores só acabarão quando o capitalismo for derrotado e uma sociedade socialista garantir igualdade a todos e o fim da discriminação pela cor da pele, gênero, credo e orientação sexual.
Chega de racismo! Vidas negras importam!
Fora Trump! Fora Bolsonaro e Mourão!

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