O plano do governo Alckmin/PSDB
pretende que as escolas ofereçam classes de apenas um dos três ciclos básicos:
anos iniciais (1º ao 5º) e finais (6º ao 9º) do ensino fundamental e ensino
médio. Atualmente, só um terço das 5.108 unidades escolares estaduais funciona
assim. Segundo o Secretário de Educação, Herman Woorwald, a mudança teria
motivos “pedagógicos”, separar alunos por idade, cada ciclo uma escola. Alunos
e professores seriam transferidos neste final de ano afetando até mil escolas e
entre 1 e 2 milhões de alunos, mas disse que “o objetivo não é prejudicar
nenhum aluno, ao contrário, é facilitar a vida do menino e da família". O
governo afirma que a estrutura sobre dimensionada, pois as escolas foram
construídas para atender 6 milhões de alunos e hoje tem 4 milhões, supostamente
porque nesses anos incidiu a municipalização, a migração de alunos para a rede
privada por causa da ascensão social e pelo envelhecimento da população com a
queda da população em idade escolar. Muita cara de pau!
O que o governo
esconde?
Na divulgação do IDEB (Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica), relativo a 2013, o ensino médio da rede
paulista caiu para nota de 3,7, em uma escala de zero a 10. Se o governador não
consegue obter nem um 5 como pretende que o aluno passe de ano? Será que os
tucanos confiam na “aprovação automática” de sua gestão? A brutal perda de 2
milhões de alunos do ensino fundamental desde 2000 em boa parte é deserção
escolar.
A deserção está causada na falta
de atrativo de uma educação arcaica, que gera mão de obra barata para as
empresas, onde alunos e professores não precisam pensar, e no empobrecimento e
desemprego que afeta as famílias dos trabalhadores. A isso se soma a falta de
professores, a “aprovação automática”, a superlotação das salas, as precárias
condições das escolas, os baixos salários de educadores e funcionários.
Desmascarando as
mentiras
Onde estão essas vagas ociosas
Sr. governador? O número mínimo de alunos matriculados por sala é de 45? Após o
fechamento de 3390 classes, o ano começou com 50 a 60 estudantes por sala e até
100 no EJA (Educação de Jovens e Adultos).
A Reorganização causará inúmeros
problemas às famílias que tem filhos de idades diferentes e que terão que ser
separados para escolas distantes com consequentes gastos e tempo extra. Outro
problema é que nas periferias existem rivalidades entre jovens de bairros
diferentes, muitos jovens serão hostilizados, aumentando a violência e
dificuldade de adaptação a nova escola.
A municipalização
Em 1995 a então Secretária Rose
Neubaeur aplicou um plano similar causando 20 mil demissões de professores. Aí
começou a municipalização do ensino fundamental sendo que muitos municípios tem
menores condições que o Estado de estruturar um sistema educativo. Já nessa
época o PT e a CUT deixaram aceitaram a municipalização e deu no que deu. Hoje
o plano é terminar de despejar o ensino básico no colo dos municípios, mas
desta vez também o segundo ciclo (6º ao 9º ano).
O ajuste econômico na
Educação!
Em 2012 o governo destinou à Educação
R$ 957 milhões; em 2013, R$ 749 milhões e em 2015, R$ 475 milhões. Este ano
houve corte de 56 milhões de reais nas verbas destinadas a reformas das
escolas, corte de 10 mil vagas no programa “Vence” (ensino técnico da rede
estadual), no programa “Alfabetiza São Paulo” deixando de alfabetizar 15 mil
pessoas, e no projeto “Viva Leite”, deixando de atender 37 mil crianças.
Com o fechamento de escolas
professores ficarão desempregados (categoria “O”), muitos perderão suas aulas,
outros terão que viajar o dia todo para se dividir entre várias escolas. Serão
demitidos funcionários da limpeza, secretarias, merenda. Reduzirão os
Coordenadores Pedagógicos para um por escola.
Enquanto o tráfico de drogas
manda na PM e a corrupção corre solta nos gabinetes tucanos, a meta do
governador é investir em presídios e não em Educação, nos últimos 20 anos
construíram 53 presídios e planejam mais 20, gastam 5 vezes mais com um detento
do que com um aluno. Os jovens que não estão nas prisões estão morrendo nas
chacinas das periferias de Carapicuíba, Osasco, Barueri, Itapevi, e na capital
paulista.
Mas é possível derrotar o
governo, no dia 26/10, produto das mobilizações, Alckmin deu o primeiro recuo
anunciando que só transferiria 311 mil alunos e não 1 ou 2 milhões como anunciado
inicialmente.
Como estão as
manifestações?
Nas últimas semanas a comunidade
escolar tem saído às ruas para protestar, seja em cidades pequenas ou grandes
ou pelos bairros afora nas grandes cidades. As equipes de reportagens locais
não têm mais como abafar. Os grandes portais de internet, os telejornais até da
Rede Globo e suas rádios filiadas (CBN) têm noticiado com frequência os atos de
rua que ocorreram em Votuporanga, Catanduva, Araçatuba, Bauru, São Paulo, Jau,
Vila Califórnia, Leme, Guarulhos, Ribeirão Preto, Osasco, Tupã, São José dos
Campos, Itapetininga, Rancharia, Agudos, Paraguaçu Paulista, Cachoeira
Paulista, Araras, Taboão da Serra, Embu das Artes, Itapecerica da Serra, entre
outras.
Essa campanha é só
dos professores?
Não. Esta luta vem ganhando apoio
de toda a sociedade, os estudantes estão cumprindo papel decisivo. A Defensoria
Pública pediu explicação ao Estado sobre a Reorganização. O Ministério Público
abriu inquérito para saber se de fato unidades serão fechadas e quais os
benefícios que o governo espera com a mudança. O MTST prometeu ocupar as
escolas que forem fechadas. Além da APEOESP, vários são os sindicatos,
movimentos sociais e entidades estudantis que estão apoiando nossa luta.
Acreditamos que juntos, se conseguirmos mobilizar a comunidade escolar
(trabalhadores em educação, pais e alunos) podemos derrotar esse projeto do
governo Alckmin.
Como está atuando o
sindicato?
A maioria das subsedes têm
ajudado na mobilização, os atos regionais em Taboão da Serra, Embu das Artes,
Guarulhos, entre outros, tem contado com mais de 500 pessoas. Dia 20.10 a
APEOESP ajudou a construir um ato com mais de 10 mil pessoas em frente à
Secretaria de Educação. Dia 29.10 realizou assembleia.
No entanto subsedes dirigidas
pelo grupo da Bebel, presidenta do sindicato ligada ao PT/PCdoB, ainda estão de
braços cruzados “vendo a Reorganização passar”. Não estavam presentes em vários
atos, dentre eles os que ocorreram no dia do professor (15.10). Transferiram a
reunião do Conselho Estadual de Representantes de Escola (23.10) da Capital
para São José do Rio Preto, a 450 km de distancia! O que inviabilizou a
participação da categoria. Essas atitudes não ajudam a ganhar a luta.
Nós da Unidos Pra Lutar e de Luta
Socialista, entendemos que duas coisas precisam ser feitas: apoiar todas as
manifestações que estão ocorrendo no Estado e unificar os professores com
outras categorias em um grande ato para derrotar de vez esse projeto de
destruição da Educação.
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