A história do Brasil foi escrita pela branquitude que, com o objetivo de perpetuar a dominação colonial, promoveu o apagamento da cultura do povo negro advindo da diáspora africana. Não há que se estranhar que quisessem usurpar toda a luta de escravizados, de libertos e libertas e, também do movimento abolicionista. Daqueles chamados “negros fujões”, que manifestaram sua revolta; dos que ocuparam quilombos, principalmente o de Palmares que resistiu por quase cem anos; dos que denunciaram as condições sub-humanas pelas quais passavam no cativeiro. Além disso, em 1888, já haviam sido libertados os escravizados de toda a província do Ceará (1884), de parte da província do Rio Grande do Norte (Mossoró) e do Rio Grande do Sul. Há registros de imprensa, inclusive, de grande mobilização de abolicionistas, que realizavam a distribuição de cartas de alforrias em apresentações teatrais, por exemplo, no Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Pernambuco e Espírito Santo.
A Lei assinada pela Princesa Isabel, portanto, apenas
formalizou exigências de parceiros comerciais do Brasil, para quem se curvava a
monarquia. Não temos porque chamá-la de redentora! Não podemos aceitar que os
livros escolares, a mídia e influenciadores racistas continuem propagando essa
falsa abolição.
O empenho do movimento negro é para incluir nos registros
históricos as(os) protagonistas negras e negros deste país. Denunciar toda a
exclusão sofrida por aqueles que no dia 14 de maio de 1888 se depararam com a
realidade de não ter casa, comida, trabalho ou qualquer direito. Realidade que
se arrasta até hoje em função do racismo estrutural, que castiga a maioria da
população brasileira, 55% pretos e pardos de acordo com o IBGE (Censo, 2022),
pela falta de condições de vida: falta de saneamento básico, de emprego, de
moradia etc. e são considerados estereótipo de bandidos pela polícia, que
extermina a juventude negra. As mulheres negras estão na base da pirâmide
social e chefiam lares fazendo malabarismo para sustentar os filhos. É preciso
amplificar as vozes negras e exigir reparação do Estado brasileiro. E,
reivindicar o reconhecimento do 13 de maio como dia nacional de luta contra o
racismo. Sigamos na batalha pela verdadeira e definitiva abolição, na
construção de uma sociedade socialista.
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