Nos últimos dias antes da greve a mobilização da categoria deu um salto na quantidade e na radicalidade com passeatas e assembleias setoriais massivas.
A assembleia do dia 4 foi uma das maiores da história com 2 mil trabalhadores e trabalhadoras da categoria. Tinha gente nos corredores e até na rua, apesar do frio do lado de fora o clima na assembleia estava quentíssimo. Uma enorme faixa no fundo simbolizava Alckmin dirigindo o trem da corrupção e tentando atropelar metroviários e usuários do transporte.
Alex Fernandes abriu a assembleia e apresentou os apoiadores da greve. Falaram no ato professores municipais que acabaram de encerrar uma greve de 42 dias contra o prefeito Haddad/PT, depois o comando de greve da USP, o MPL, a Federação metroviária, agrupações sindicais e políticas, essa é a dimensão que tomou a greve neste ano e neste momento mais que oportuno da cena nacional.
Alex Fernandes também informou sobre as negociações com o governo e o tribunal. Na sua fala todo mundo levantava os cartazes de greve, uns distribuídos pela Unidos pra Lutar e outros improvisados pelo Sindicato. A cada relato sobre a negociação e a cada ponto de pauta que o governo não aceitava era uma vaia e inúmeros cartazes de greve eram levantados no alto. Depois passou a palavra para o presidente da entidade formalizar a proposta única da diretoria e de todos os agrupamentos metroviários: Greve por tempo indeterminado a partir da meia noite, a quadra dos metroviários explodiu ao grito interminável de Greve! Greve! Votada por unanimidade.
Um capítulo a parte é a simpatia geral da população, a necessidade de uma direção sindical e política que faça acontecer, que dê norte e unidade as lutas e que chame a uma greve geral. Na estação Tatuapé os metroviários colocaram som e rapidamente se juntaram mais de 300 pessoas que passavam pelo local. Na estação da Se participaram mil pessoas dessa espécie de assembleia popular improvisada. Jovens e idosos pediam a palavra para desabafar contra a Copa, o governo ou o transporte, parabenizando os metroviários. Embora o responsável pelo Metrô é o governo do Estado as críticas não pouparam Dilma nem o prefeito Haddad.
Às 20 horas do dia 4 começou a movimentação para organizar os piquetes em todas as estações, pátios de manutenção e entrada de operadores de trem e outros setores. Os piquetes muito animados contaram com apoio de juventude e de outras categorias e se mantem com revezamento em todos os turnos e escalas em forma permanente, mas na verdade quase não tem fura-greves. O que existe é um sistema do governo chamado plano de “contingência” que é um esquema antigreve montado com chefes e pessoas não qualificadas para a tarefa que com treinamento precário operam parcialmente alguns trens em um trecho de 4 a 5 estações em cada linha. Esse sistema não satisfaz a demanda e coloca em risco os passageiros. O presidente do metro e o secretario de transportes novamente negaram a liberação das catracas que os metroviários propuseram como alternativa à realização da greve.
Os trabalhadores tem claro que a oportunidade de conquistar é agora, na Copa. E não apenas 1% no índice e sim plano de carreira, periculosidade, PLR igualitária, plano de saúde para aposentados e outros. O governador Alkmin está pagando para ver e está vendo: na quinta-feira, dia 5, foi o maior dia de engarrafamento do ano, maior que o da greve dos motoristas de ônibus e o terceiro maior da história. Hoje desembarcou em São Paulo o vice-presidente da FIFA e outros dirigentes que tiveram que suportar 3 horas de trânsito do aeroporto ao hotel. Um deles declarou que tinha medo de estádios vazios com a dificuldade dos torcedores chegarem ao local.
Foi votado que haverá assembleia todo dia às 17 horas. Nada se resolverá sem assembleia, se a nova proposta não conformar, a greve vai continuar.
Alex Fernandes, Roldan, Ronaldo Pezão.
Dirigentes metroviários organizados na Unidos pra Lutar
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